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Recife, Boa Viagem PE, Brazil
Sou psicóloga,me dedico inteiramente a este meu trabalho. Pós graduanda em Saúde Mental com enfoque em álcool e outras drogas. Abordagem Terapia Cognitiva Comportamental. Atendo em Aldeia,Ilha do Leite, Boa Viagem e Gravatá. (81)9963-3553

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Oxi, droga extraída da cocaína, pode estar mais perto de São Paulo

O crack e o oxi são muito parecidos. Por isso, policiais e também peritos estão sendo orientados a identificar essa droga nas ruas da cidade.
O oxi, uma droga ainda mais letal e viciante que o crack, pode estar circulando em São Paulo. Não há um combate especifico para essa droga, até porque não se consegue resolver nem o problema do crack, que já circula há pelo menos duas décadas no Brasil.
O crack conseguiu invadir boa parte do Centro de São Paulo. Começou com algumas dezenas de pessoas sentadas nas calçadas fumando pedras de crack com cachimbos improvisados. Esse número cresceu bastante, principalmente de uma década para cá.

Na Praça Júlio Prestes, fica um dos pontos turísticos de São Paulo, as pessoas enfrentam alguma violência porque muito perto, a alguns quarteirões, fica a chamada Cracolândia. Do alto, é possível ver como funciona a Cracolândia. Pessoas sentadas e deitadas na calçada fumam o crack. Esse número durante o dia costuma ser muito maior: chega a 400 pessoas.

Duas semanas atrás, a polícia fez a última operação e prendeu cinco traficantes. São microtraficantes que chegam de bicicleta, escondem drogas em orelhões e abastecem a droga na região. Os traficantes presos já foram substituídos, e eles acabam mantendo o comércio do crack no Centro de São Paulo sempre ativo, dia e noite.

Segundo o Departamento de Narcóticos de São Paulo (Denarc), não houve nenhuma apreensão oficial do oxi, mas acredita-se que a droga esteja chegando a São Paulo. Não houve apreensão justamente por causa da semelhança do crack com o oxi. Os dois são feitos de cocaína, são muito parecidos. Por isso, policiais e também peritos estão sendo orientados a identificar essa droga.

A diferença entre o oxi e o crack é a composição química. “A diferença está na forma de extração. O crack é extraído com substâncias, por exemplo, o bicarbonato. O oxi é extraído da pasta de cocaína com substâncias como querosene e cal virgem. Possivelmente, isso leva a um produto mais concentrado. Por essa concentração, o oxi é mais agressivo do que o crack. Causa efeitos mais rapidamente e tem um potencial de abusos maior ainda do que o crack”, explica o psiquiatra Ivan Mario Braun.
O crack e o oxi são muito parecidos. Por isso, policiais e também peritos estão sendo orientados a identificar essa droga nas ruas da cidade.
Bom Dia Brasil
São Paulo - SP

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Brasileiro está mais gordo e bebendo mais

O brasileiro está mais gordo, mais sedentário e abusando de bebidas alcoólicas, revela o Vigitel, estudo feito pelo Ministério da Saúde.
"No geral, os números preocupam bastante", avaliou o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. O trabalho, que analisa estatísticas sobre fatores de risco para doenças crônicas, aponta ao menos um bom indicador: a redução do número de fumantes entre a população em geral, que passou de 16,2% para 15,1% em cinco anos.
Segundo a pesquisa, quase metade da população está acima do peso. Entre mulheres adultas, os índices de sobrepeso aumentaram 5,8 pontos porcentuais entre 2006 e 2010, passando de 38,5% para 44,3%. Na população masculina, o aumento foi de 4,9 pontos porcentuais no mesmo período: passou de 47,2% para 52,1%. As taxas de obesidade também cresceram. Atualmente, 15% da população é considerada obesa. "Mantido esse ritmo, em 13 anos a população brasileira terá o mesmo perfil de obesidade que a população americana", disse o secretário.
Em relação às bebidas alcoólicas, a situação também piorou. Em 2006, 16,2% da população adulta admitia beber em excesso. O porcentual agora está em 18%. Entre mulheres, a variação subiu de 8,2% para 10,6%. Na população masculina, os índices passaram de 25,5% para 26,8%.
O secretário observa que a prevalência de hábitos pouco saudáveis é mais acentuada entre população de baixa escolaridade. "Daí a necessidade de se reforçar medidas preventivas", afirma.
Ele informa que o governo deverá apresentar no próximo semestre um plano de ações para combater quatro doenças crônicas comuns no País, como diabetes, problemas cardiovasculares, respiratórios e diversos tipos de câncer. A ideia é traçar ações para reduzir fatores de risco dessas doenças: tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade e sedentarismo. "Nesse momento, fazemos uma análise crítica das ações que até agora foram adotadas."
Esta é a quinta edição da pesquisa, batizada de Vigitel e feita por meio de entrevistas telefônicas com população adulta das capitais do País. Neste ano foram ouvidas 54.339 pessoas. A pesquisa mostra que hábitos alimentares da população vêm mudando para pior. Há uma redução do consumo de arroz e feijão, uma dupla clássica na dieta brasileira considerada protetora contra hábitos incorretos de alimentação. Ao mesmo tempo, o consumo de alimentos de alto teor de gordura e de refrigerantes é alto. O secretário avalia que alguns hábitos estão relacionados à falta de informação, como o consumo elevado de leite integral por adultos.
Os números de sedentarismo são homogêneos no País. "Há pequenas diferenças. Mas, em termos gerais, população se exercita muito pouco", observa o secretário. Homens praticam mais atividade física que mulheres. No País, 18,6% realizam atividades no tempo livre. Entre mulheres, esse índice é de 11,7%.
Opções. Longa jornada de trabalho e uma queda por massas. São esses os motivos que fizeram o ponteiro da balança do fotógrafo Cleiton Souza Maranhão, de 21 anos, chegar aos 112 kg. Seu índice de massa corporal (IMC) é 36,2, o que o coloca na faixa de obesos de segundo grau, uma abaixo da obesidade mórbida. "A rotina atrapalha muito", diz Maranhão. Ele acorda às 8 horas para fazer alguns trabalhos como free lance e deixa o escritório onde trabalha, na região central, às 23 horas. "Entre fazer exercícios e dormir mais, opto por dormir um pouco mais."
A dieta não é das mais saudáveis. De manhã, são dois pães na chapa; no almoço, arroz, lasanha, carne; à noite, mate com leite e alguns pães de queijo. O resultado de tanto carboidrato para pouca atividade física é excesso de peso e gordura localizada.
Maus hábitos
14,2% da população adulta é sedentária
34,2% comem carne vermelha gordurosa ou frango com pele

Fonte: O Estado de S. Paulo

sábado, 23 de abril de 2011

Casos de Aids entre jovens devem aumentar, diz Ministério da Saúde

Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (1º) que há uma tendência de aumento dos casos de Aids entre os jovens. Um levantamento feito com 35 mil jovens de 17 a 20 anos revelou um aumento de 0,09% para 0,12%, nos casos em cinco anos. 630 mil pessoas estão infectadas com o vírus HIV no Brasil. Desse total, cerca de 230 mil ainda não sabem que são soropositivos

A pesquisa mostrou ainda que 97% dos jovens de 15 a 24 anos de idade reconhecem o preservativo como uma forma eficaz de evitar a infecção pelo vírus HIV. Mas o uso da camisinha na primeira relação sexual avançou relativamente pouco, de 52,8%, em 1998, para 60,9% em 2008.

Segundo o diretor do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids do Ministério da Saúde, Dirceu Greco, apesar de terem mais informação, à medida que a parceria sexual se torna estável, o jovem tem deixado de usar o preservativo.
“O preservativo tem de fazer parte da nossa vida porque o HIV/Aids não é a única doença que pode ser transmitida. Tem hepatite, sífilis”, afirmou Greco.

O Ministério da Saúde informou ainda que foi registrada queda de 44,4% na incidência de casos de Aids em crianças menores de 5 anos, entre 1999 e 2009.

Para o governo, esse dado é resultado das ações para reduzir a transmissão vertical da doença. “Tem vários locais onde a transmissão da mãe para o filho desapareceu com tratamento adequado. Estamos buscando também diagnósticos mais precoces, acesso a tratamento e melhor qualidade de vida”, afirmou o diretor do Ministério da Saúde.

O diretor do Ministério da Saúde afirmou ainda que a abordagem sobre a doença nos meios de comunicação diminuiu, o que leva as pessoas a terem uma falsa sensação de que o risco desapareceu. Segundo ele, o foco da campanha do governo federal contra HIV/Aids deste ano é o preconceito. O objetivo é mostrar pessoas vivendo com a doença. A campanha é lançada nesta terça, Dia Mundial de Luta Contra a Aids.
“A presença do preservativo sozinho não é suficiente, e nem do conhecimento. Acho que é preciso uma participação geral para nós mostrarmos que para ter vida sexual feliz na situação atual o preservativo tem de fazer parte disso”, disse Greco.

Dados do Ministério da Saúde também mostram elevação no número de casos novos e na incidência da Aids no Brasil. De 2008 para 2009, a quantidade de casos novos saiu de 37.465 para 38.538. Já a taxa de incidência, que era de 19,8 casos para capa 100 mil habitantes, em 2008, chegou a 20,1 casos no ano passado.

“Qualquer aumento para nós todos tem que ser preocupante. O aumento é pequeno, porque se você comparar o Brasil com outros países do mundo a história está mais ou menos igual. O Brasil foi um dos primeiros países em desenvolvimento que facilitou acesso a diagnóstico, distribuiu preservativos”, afirmou Greco.

O governo estima que, atualmente, 630 mil pessoas estejam infectadas com o vírus HIV em todo o País. Desse total, cerca de 230 mil ainda não sabem que são portadores da doença, de acordo com o Ministério da Saúde.

Os números do governo mostram ainda que cerca de 11 mil pessoas morrem por ano, vítimas da Aids. O Sistema Único de Saúde distribui 20 medicamentos diferentes para cerca de 200 mil pessoas.

O Ministério da Saúde informou também que o governo brasileiro triplicou a oferta de testes rápidos para agilizar o recebimento do diagnóstico da doença. “Quanto mais rápido as pessoas chegarem ao serviço publico, menos risco tem de que elas transmitam a infecção. Está muito claro que as pessoas em tratamento acabam o risco epidemiológico, apesar do preconceito”, disse o diretor do Ministério da Saúde.
A região Sul apresenta a maior taxa de incidência (32,4 casos a cada 100 mil habitantes), seguida da Sudeste e Norte, com 20,4 e 20,1, respectivamente. Para a região Centro-Oeste a taxa foi de 18,0 e para o Nordeste, 13,9.
Confira os gráficos no site no G1: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/12/casos-de-aids-entre-jovens-devem-aumentar-diz-ministerio-da-saude.html

Possível avanço na pesquisa contra o HIV

"Paciente de Berlim' recebeu tratamento com células-tronco em 2007.
Médicos consideram que ele pode ter se livrado do vírus que causa a Aids."


O site "The Huffington Post" divulgou nesta terça-feira (14) que Timothy Ray Brown, conhecido como o "Paciente de Berlim", pode ser a primeira pessoa a ter se livrado do vírus HIV, causador da Aids, após tratamento com células-tronco. O caso de Brown, no entanto, é algo isolado, segundo os cientistas.
Médicos que monitoram o paciente afirmam que ele não possui mais o vírus, como resultado da aplicação de células-tronco em 2007, em meio a um tratamento contra leucemia.

O caso foi apresentado pela primeira vez em 2008, em uma conferência médica. Depois, foi publicado em 2009 em uma das principais revistas médicas do mundo, a "New England Journal of Medicine" (leia reportagem da época). Até então, no entanto, os médicos falavam apenas em um "desaparecimento" do HIV.
Entenda o caso

Timothy Ray Brown era HIV positivo, mas nunca chegou a desenvolver a Aids. Para evitar o surgimento da doença, ele tomava diariamente medicamentos antiretrovirais. Quando descobriu que tinha leucemia e precisaria passar por um transplante de médula-óssea, Brown teve que parar com a medicação contra o HIV. Em todos os outros pacientes, a interrupção faz a doença aparecer em questão de semanas. Em Brown, isso não aconteceu.

Os cientistas acreditam que a doença não se desenvolveu porque, para o tratamento contra a leucemia, Brown recebeu um transplante de células-tronco com uma mutação -- elas não possuíam um receptor chamado CCR5, que é vital à multiplicação do vírus da Aids. Como consequência, o organismo dele conseguiu recompor as células de defesa que tinham sido atingidas pelo vírus.

O caso de Brown é um avanço na busca pela cura do HIV, com base na aplicação de células-tronco geneticamente alteradas. O vírus da Aids infecta 33 milhões de pessoas em todo o mundo.

Fonte: G1

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Você é Uma Pessoa Resiliente?

Nas empresas, escolas, e até na imprensa tem se falado e valorizado muito as pessoas resilientes. Ou seja, a Resiliência vem sendo praticada no desenvolvimento pessoal, profissional e social.
Mas afinal o que é ser Resiliente ou ter Resiliência?.
A palavra Resiliência vem do latim RESILIO, que significa “voltar ao normal”.
A psicologia denomina o termo Resiliência como uma capacidade que certas pessoas têm de sofrer fortes pressões ou situações de grande estresse e não quebrar-se emocionalmente. Ser resiliente é uma qualidade e precisa de atitude para enfrentar as pressões e adversidades do cotidiano.
O profissional resiliente não aceita o medo, a tristeza e a raiva. Estes são sentimentos que paralisam a pessoa, impossibilitando-a a uma retomada de ação. Os resilientes são capazes de vencer as dificuldades e os obstáculos, por mais fortes e traumáticos que sejam. Pode ser desde a morte de alguém muito querido, um desemprego inesperado, a separação dos pais, a repetência na escola ou uma catástrofe.
Você está se vendo no espelho? Lembrou-se de alguma situação em que agiu como um resiliente e não sabia que possuía esta qualidade? Acredito que todos nós, em vários momentos de nossas vidas, querendo ou não, precisamos ser resilientes para poder sobreviver.
Focando um pouco no mercado corporativo, diferentemente do que muitos imaginam, o estresse hoje vem sendo analisado nas mais diferentes áreas e setores do mercado de trabalho, estando presente nos mais distintos níveis hierárquicos, intensificando-se na medida em que aumentam as cobranças, pressões, etc. O mercado procura profissionais que saibam trabalhar sob pressão, pois possuem flexibilidade para moldarem-se a cada situação de obstáculo e desafio. Quanto mais resiliente, maior será o seu desenvolvimento pessoal. Isso o torna uma pessoa mais motivada e com capacidade de contornar situações que apresentem maior grau de tensão.
Em algumas empresas vem sendo considerada uma competência importante a ser desenvolvida, deixando de lado um pouco o tema Liderança (tão falado anteriormente).
As mulheres têm um melhor preparo cognitivo, afetivo e comportamental para lidar com as adversidades em seus diversos papéis (mãe, filha, avó, esposa, amante, profissional, etc.).
Como diz uma grande amiga, ser Resiliente ou ter Resiliência é uma arte – a arte de enfrentar as dificuldades, levantar a poeira e dar a volta por cima. Mas vou dizer uma coisa, não é nada fácil praticá-la. Precisa-se de muita Competência, Coragem, Persistência e principalmente Alegria de Viver.
Marlene Baldin

quarta-feira, 20 de abril de 2011

"ESCUTATÓRIA" de RUBEM ALVES

"Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade: A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração... E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos... Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Vejam a semelhança... Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio... Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos... Pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades. Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza.. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado. Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou. Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou. E, assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência... E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar. Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto." de Rubem Alves

"A depressão é um sintoma da vida veloz demais"

"O tempo que corre rápido e a idéia de que é preciso estar sempre alegre podem estar na origem de um dos grandes males do século XXI: a depressão. A partir de casos que chegaram ao seu consultório e de reflexões históricas, a psicanalista Maria Rita Kehl levantou a hipótese de que a depressão é, sim, um sintoma social. No livro “O Tempo e o Cão” (editora Boitempo), que chega esta semana às livrarias, ela pondera:
- Os depressivos, além de se sentirem na contramão de seu tempo, vêem sua solidão agravar-se em função do desprestígio social de sua tristeza Para Maria Rita Kehl, numa sociedade que “aposta na euforia como valor”, a tristeza e o desânimo tendem a ser vistos como patologia, como um comportamento a ser corrigido – de preferência, com remédios. A psicanalista me recebeu em seu consultório, no bairro de Perdizes, em São Paulo, para esta entrevista que toca em alguns das reflexões presentes no livro. Você diz que a depressão, hoje, é semelhante ao que era a histeria século XIX. Quer dizer que a tristeza é tão mal aceita hoje quanto era o comportamento feminino não recatado? Quando falo de sintoma, não me refiro a dados estatísticos. Mas por que podemos pensar a histeria, no século XIX, como sintoma social? Porque, nas regras de convívio e da moral desse período, o lugar da mulher estava claramente delimitado: a mulher que casa virgem, é fiel ao marido, cuida dos filhos, vive dentro de casa. A histeria se torna sintoma social quando os médicos começam a receber, nos consultórios, mulheres que tinham convulsões, cegueiras e paralisias sem que nada fosse constatado no exame clínico. Sempre houve e sempre haverá histéricas, mas, naquele momento, aquele comportamento enigmático causou um ruído por ser algo oposto à imagem da mulher serena, recatada, contida na sua expressão. As histéricas rasgavam a fantasia e sinalizavam que havia alguma coisa errada. E por que os deprimidos são o sintoma social deste início do século XXI? Se você pensar nos parâmetros da sociedade contemporânea, é possível dizer que se trata de uma sociedade anti-depressiva. É uma sociedade, aparentemente, com muita liberdade de escolha: como você quer viver, seu estilo de vida, como você vai se vestir, que tribo vai frequentar, o que vai comer, beber. Há muita liberdade no plano superficial, no plano da festa. Existe muito apelo para a diversão. Em contraste com o século XIX, em que o apelo era para contenção, sobriedade, repressão da sexualidade, hoje, a moral social é uma moral da diversão, não do sacrifício. É uma moral que chama para aquilo que, na psicanálise, chamamos de gozo. É mais do que o prazer, é o excesso. A rave não é, de alguma maneira, o símbolo disso tudo? E para aguentar uma rave você é obrigado, inclusive, a tomar uma química. O apelo social não é para você aguentar o trabalho, mas a festa. Claro que a festa é ótima. Mas o que digo é que ela foi transformada no ideal social deste momento. E o deprimido destoa radicalmente desse ideal. Sim, porque esta é a única sociedade em que as pessoas ficam infelizes por se sentirem culpadas de não estarem tão felizes quando deveriam. Se alguém está triste, o que é natural na vida, essa cobrança social duplica a infelicidade. O depressivo é sintoma social porque ele é aquele que não consegue aceitar o convite tão sedutor para estar sempre de bem com a vida. Mas esse é apenas um dos paradoxos. O outro diz respeito ao uso excessivo de medicação. Seria o paradoxo do aumento do consumo de anti-depressivos e, ao mesmo tempo, do número de deprimidos? A partir da década de 1980, a indústria farmacêutica começa a desenvolver anti-depressivos muito sofisticados. Era de se esperar que, com a oferta de soluções medicamentosas, o número de depressivos caísse. Em vez de cair, só aumenta. Você pode até dizer que isso acontece porque, havendo remédio, mais gente procura os médicos. Mas isso não explica um salto de 50%. Essa é uma das razões pelas quais esse tema começa a preocupar os psicanalistas. A psicanálise tem que começar a pensar na depressão, que passou muito tempo sendo tratada apenas por psiquiatras. Do contrário, estaremos condenando essas pessoas que se dizem depressivas a só se tratar com remédios. Mas o remédio, em muitos casos, é a única saída, não? Claro, e não se trata de pôr um campo contra o outro. Muitos depressivos precisam de medicação até para conseguir sair da cama, pegar um ônibus e vir para a consulta. Não é uma cruzada contra o anti-depressivo, mas um contra a medicalização indiscriminada. Por pressão dos laboratórios, os médicos começam a dar anti-depressivo para qualquer coisa: falta de apetite, stress, problemas no trabalho, mau humor. Qual a conseqüência disso? Muitas vezes eu recebo pacientes, aqui no consultório, ou numa escola do MST em que atendo pessoas de baixa renda, que já chegam se dizendo deprimidos. Esse é diagnóstico do século. Aí você descobre que aquela pessoa não é deprimida, ela apenas não se recuperou de uma perda qualquer. Há casos de gente que passa a vida tomando remédio sem precisar. E o anti-depressivo produz uma certa acomodação, um esvaziamento psíquico. Psicanaliticamente, como pode ser definido um depressivo? O depressivo recua para não ter de enfrentar conflito. E o conflito é o centro da vida psíquica. Não é que você tenha que viver em conflito, não saber o que quer, mas a vida psíquica exige constantes enfrentamentos entre o vetor do desejo e o do super-ego, que diz “isso não pode”. O depressivo tende a recuar diante da necessidade de fazer escolhas e a não enfrentar os desafios da vida. Você fala, no livro, que o depressivo tende a ser visto como “o portador de más notícias”. Voltando ao caráter social da depressão, o quanto essas característica são agravadas hoje? O senso comum imagina que fulano não sai da cama porque está deprimido. Estou propondo inverter um pouco a lógica. Fulano está deprimido porque não sai da cama, não sai do quarto, não sai de casa. Ou seja, primeiro o sujeito recua e, em consequência desse recuo, ele se deprime. Qual o papel da tecnologia nisso tudo? Ela agrava o isolamento? A tecnologia propicia muitas relações, mas sem a presença corporal. E a pulsão vital do homem só se mobiliza diante do outro corpo. Se ficar apenas mandando mensagens ou e-mails, você pode ficar num estado de esfriamento. Não é falar mal da tecnologia, mas ela não pode substituir o presencial. Mas o que mais chama a minha atenção é o ritmo veloz que a tecnologia imprime à vida, a velocidade com a qual ela te solicita. A internet, o celular, o trânsito te solicitam sem parar. Quando você dirige um carro na marginal, você não pode parar de responder a estímulos externos. A imagem do motorista na auto-pista é uma espécie de metáfora do sujeito contemporâneo. Ele não pode ficar para trás, não pode diminuir a velocidade e tem de estar atento a todos perigos e solicitações, numa permanente rivalidade com o outro. A falta de tempo pode levar à depressão? O psiquismo tem toda uma delicadeza. O homem é capaz de suportar tudo, mas as adaptações têm um preço. A adaptação à velocidade contemporânea, que atropela os processos psíquicos mais delicados, da memória, do devaneio, da fantasia, da chamada vida interior, pode ter como preço a depressão. A velocidade cria um vazio, e não um preenchimento. Pense numa semana em que você correu muito. A gente olha e parece que não aconteceu nada, parece que só o tempo voou por cima da gente. O que eu fiz do meu tempo? Nada, só respondi a estímulos, a demandas, e aí vem o sentimento de desvalorização da vida. Que participação a mídia tem nisso? A mídia e a publicidade são o arauto dessa ideologia. A publicidade tem de ser analisada. Que mensagem a publicidade vende? Seja um campeão, seja feliz, os outros que se danem. Como diz o (jornalista) Eugênio Bucci, a publicidade vende, sobretudo, a exclusão. E como preservar nossa vida psíquica? O Antonio Candido, na inauguração de uma biblioteca do MST, disse: tempo não é dinheiro, essa é uma barbaridade que o capitalismo nos impõe. O tempo é o tecido da vida. Essa foi uma das sementes do livro. É uma brutalidade eu pensar que tenho de fazer, sempre, o meu tempo render dinheiro. Vamos ver o que estamos fazendo com o tecido da vida, porque ele esgarça, ele rasga, perde a cor, fica fragilizado." por Ana Paula Sousa

"O PAÍS DO RIVOTRIL"

"Uma droga barata, mas de tarja preta, contra a ansiedade vende mais do que os tradicionais Tylenol e Hipoglós. Alguma coisa estranha deve estar acontecendo quando um remédio contra a ansiedade tarja preta, vendido apenas com retenção de receita se torna o segundo medicamento mais consumido no Brasil. Esse remédio é o velho Rivotril,que tem 35 anos de mercado, mas nos últimos cinco escalou rapidamente o rankingdos mais vendidos até chegar ao segundo lugar. Em 2008, os brasileiros compraram nas farmácias 14 milhões de caixinhas do ansiolítico (o campeão de vendas é o anticoncepcional Microvlar, com 20 milhões de unidades). O Rivotril bate remédios de uso corriqueiro, segundo o IMS Health, instituto que audita aindústria farmacêutica.
Vende mais que a pomada contra assaduras Hipoglós, o analgésico Tylenol e outros produtos que os consumidores colocam na cestinha sem saber se algum dia vão usar. O sucesso espetacular do Rivotril no Brasil não ocorre com outros medicamentos da mesma categoria. A classe dos tranquilizantes é a sétima mais vendida no país vende menos que anticoncepcionais, analgésicos, antirreumáticos e outros tipos de remédio. A clara preferência pelo Rivotril é um fenômeno brasileiro, que não se repete em outros países. A escalada desse ansiolítico na lista dos mais vendidos sugere que a população em sofrimento psíquico pode ser maior do que se imagina.Transtornos de ansiedade e depressão são comuns nas grandes cidades,castigadas pela violência, pelo trânsito e pelo desemprego. Mas a pesquisa São Paulo Megacity, uma parceria do Hospital das Clínicas de São Paulo com a Organização Mundial da Saúde, revela que cerca de 40% dos moradores da região metropolitana sofre de algum tipo de transtorno psiquiátrico. É um porcentual que os próprios psiquiatras consideram assustador e que depõe frontalmente contra a imagem de nação feliz que os estrangeiros e nós mesmos, brasileiros, gostamos de cultuar. O segundo problema que leva à indicação excessiva do Rivotril é a precariedade do atendimento de saúde brasileiro, sobretudo de saúde mental. Há falta de psiquiatras no país. Consequentemente, as pessoas não recebem diagnóstico correto e não têm tratamento adequado de seus problemas. Quando o paciente chega ao consultório com enxaqueca, gastrite ou qualquer outra queixa que possa ter alguma relação com ansiedade, frequentemente ganha uma receitade Rivotril. Os médicos fazem isso porque o remédio é barato (a caixinha mais cara custa R$ 13), antigo e seguro, diz Luiz Alberto Hetem, vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. Mas ele pode mascarar quadros mais graves. O ansiolítico acalma e atenua a ansiedade, mas os problemas subjacentes não são diagnosticados. Grande parte das pessoas nem sequer sofre de ansiedade. A depressão é muito comum, afirma a psiquiatra Mônica Magadouro. Mas o atendimento é tão precário que nem se nota a diferença. O terceiro fator que contribui para a venda de Rivotril é o que o psicanalista Plínio Montagna chama de glamorização do ato de medicar-se. No passado havia preconceito contra os remédios psiquiátricos. Recentemente, houve uma guinada cultural e eles passaram a ser vistos como resposta a todos os problemas da existência. Os médicos (sobretudo os que não são psiquiatras) receitam remédios psiquiátricos com total desenvoltura. Da parte dos pacientes, também existe a expectativa de que isso aconteça.Todos têm pressa. Emoções normais e importantes para a mente, como tristeza ou ansiedade em situação de perigo, são eliminadas porque incomodam, diz Montagna, que é presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Questões existenciais são tratadas como sintomas médico-psiquiátricos, com a colaboração de uma avassaladora quantidade de dólares gastos em publicidade pela indústria farmacêutica. É frequente eu receber para tratamento pacientes com dosagens excessivas de medicação ou coquetéis de diversas substâncias, sem que os aspectos psicológicos tenham sido levados em consideração, afirma o psicanalista, que também é formado em psiquiatria. Por trás da precariedade do sistema de saúde e do modismo da medicação, existe a crescente incapacidade das pessoas e dos médicos em conviver com um dos sentimentos mais enraizados da psique humana, a ansiedade. Ela está lá desde os primórdios do homem, associada a temores e ameaças indefiníveis. Embora desagradável, é um dos motores da existência. Faz parte da nossa constituição evolutiva. Ela é um estado de alerta, um estímulo para produzir. O contrário da ansiedade é a apatia, diz o psicanalista Eduardo Boralli Rocha. Totalmente diferente dessa ansiedade benigna é a combinação explosiva de urgência, competição e sentimento de exclusão que caracteriza o nosso tempo. As pessoas sentem que em algum lugar está havendo uma festa para a qual elas não foram convidadas e têm de correr atrás, diz Boralli. Sigmund Freud, o criador da psicanálise, dizia que a ansiedade era o sintoma de algo que não estava bem resolvido interiormente. Ele diferenciava entre a ansiedade produzida por uma situação externa real e aquela imaginada ou brutalmente amplificada por nossos medos interiores. A primeira não deveria ser medicada, mas ela tornou-se tão presente, tão avassaladora, que é isso que tem sido feito, em larga escala. Um exemplo está na coleção de propagandas de ansiolíticos acumulada pelo professor Elisaldo Carlini, coordenador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo. São folhetos promocionais que os laboratórios deixam nos consultórios médicos. Um deles mostra uma mulher com um largo sorriso depois de tomar um remédio que corrigiu a ansiedade gerada por três bilhetes recebidos ao mesmo tempo: um do marido, avisando que chegará tarde para o jantar; outro do filho, dizendo que vai trazer o time de basquete para o lanche; e o terceiro da empregada, avisando que faltou ao trabalho porque foi a um posto de saúde. Viver dá ansiedade, mas criou-se a cultura de que problemas cotidianos devem ser enfrentados com remédios, diz Carlini. As mulheres, principalmente, aprendem que precisam ser magrinhas e calminhas. Quando indicado segundo os melhores critérios, o Rivotril pode ser bastante útil no tratamento da ansiedade generalizada. O paciente vive angustiado, preocupado, nervoso. Dorme mal, não se concentra e se irrita por qualquer coisa. Sozinho, no entanto, o remédio não resolve o problema. O tratamento depende também do uso de outros recursos, como antidepressivos, psicoterapia e atividade física. O mesmo vale para o tratamento de outros transtornos, como síndrome do pânico, fobias e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Enquanto os antidepressivos demoram cerca de duas semanas para começar a agir, o Rivotril age rápido, assim como outros ansiolíticos (Lexotan, Valium, Frontaletc.). A função desses remédios é ser uma ponte temporária até o início da ação dos antidepressivos. Ou um apoio. A síndrome do pânico, por exemplo,é tratada com antidepressivos. Quando o paciente enfrenta situações que podem provocar recaídas, é comum que o médico recomende que tenha o Rivotril sempre à mão. Esses remédios, no entanto, não devem ser usados por muito tempo e sem rigoroso acompanhamento médico. Eles podem causar dependência. Há pessoas que desenvolvem dependência em cinco anos. Outras se viciam em menos de 30 dias. Podem ocorrer crises de abstinência com a interrupção da droga. Os sintomas mais comuns são insônia, irritabilidade excessiva e tremores. Não há dose segura contra o vício. Rivotril não deve ser remédio de uso contínuo. Deve ser reservado para as crises agudas e usado por no máximo seis semanas, diz o psiquiatra Joel Rennó Jr., coordenador do Projeto de Saúde Mental da Mulher doHospital das Clínicas, em São Paulo. Na prática, muitos pacientes recebem a receita de Rivotril e passam meses sem ser vistos por um médico. Quando voltam a consultar um profissional de qualquer especialidade, dizem que o anterior receitou o remédio e se sentiram bem. Acabam saindo do consultório com uma nova receita. A professora gaúcha Carmen Paula Pinto, de 40 anos, toma Rivotril há cinco,como parte do tratamento de transtorno bipolar. Reclama de efeitos colaterais como sonolência e boca seca. Mas o que mais a incomoda é o enfraquecimento da memória. Quando leio um livro, muitas vezes tenho de voltar à mesma frase, ao mesmo parágrafo. Uma vez até cheguei a esquecer o que havia almoçado, diz. Há três anos, decidiu parar de tomar o remédio por conta própria. Sentiu sintomas de abstinência, como tontura e falta de equilíbrio. Depois de alguns meses, decidiu voltar ao remédio. Estou conformada em ter de depender doremédio por um bom tempo ou até para sempre. Carmen é acompanhada por um psiquiatra e compra o remédio de acordo com a orientação dele. Uma parcela dos consumidores chega ao remédio por meio deoutros expedientes. Muita gente consegue adquirir ansiolítico pela internet ou compra receitas em consultórios de quinta categoria, afirma Rennó Jr. Em uma das pesquisas coordenadas por Elisaldo Carlini, do Cebrid, descobriu-se que um único médico fez mais de 7 mil prescrições de ansiolítico por ano. Houve casos também de falsificação dos receituários. As receitas que ficavam retidas nas farmácias continham o mesmo número de série ou o CRM de médicos mortos ou inexistentes. Formas ilícitas de acesso ao remédio alimentam o uso recreativo de Rivotril. Ele virou um clássico nas baladas entre jovens que o misturam com ecstasy ou álcool. Há várias comunidades no site de relacionamento Orkut criadas por usuários dessa combinação. O Rivotril potencializa a função do álcool. Em doses excessivas, a mistura pode levar ao coma. Há outro tipo de uso, associado ao ecstasy e à cocaína, drogas que deixam as pessoas ansiosas. Elas tomam Rivotril para tentar neutralizar esse efeito. Segundo os especialistas, não adianta. Por trás do crescimento das vendas do Rivotril há uma história de marketing que merece ser contada. Até 1999, o remédio era promovido entre os médicos apenas como um anticonvulsivante. Era um mercado restrito. Nos últimos anos, surgiram estudos que comprovaram que ele funcionava contra a ansiedade. O fabricante passou a divulgar essa aplicação entre psiquiatras, cardiologistas, neurologistas, geriatras etc. O sucesso do Rivotril é decorrência do aumentodos casos de transtornos psiquiátricos e do perfil único do nosso produto: ele é seguro, eficaz e muito barato, diz Carlos Simões, gerente da área de produtos de neurociência e dermatologia da Roche. E o baixo preço protege o produto. O Rivotril é 600% mais barato que o seu principal concorrente, oFrontal, da Pfizer. Outra característica ajuda a explicar por que ele vende tanto. É o único de sua categoria disponível também na apresentação sublingual gotas que agem rápido se colocadas embaixo da língua. Na casa da aposentada Ecleide Moreira Rodrigues, de 60 anos, não pode faltar Rivotril. Ele é usado com duas finalidades distintas: o filho de Ecleide sofre de epilepsia e não fica sem o remédio. Há um ano, ela também virou adepta do medicamento. Não consegue dormir sem ele. Descobriu que a causa da insônia eraestresse e depressão. Chegou a fazer psicoterapia e percebeu que passou a dormir melhor. Mas parou antes de receber alta. Por relaxo, diz ela. Em casos como o de Ecleide, a psicoterapia pode dar ótimos resultados. Mas não costuma ser um percurso fácil. Para vencer a ansiedade não basta recorrer a umas gotinhas de Rivotril a cada crise. É preciso reorganizar a vida.
- Os riscos da tranquilidade em comprimidos:
Os efeitos dos ansiolíticos mais vendidos, conhecidos como benzodiazepínicos:
O QUE ELES FAZEM: Inibem algumas funções do sistema nervoso, causando relaxamento muscular,sonolência e diminuição da ansiedade.
PARA QUE SERVEM: Estimulam a ação de um ácido (conhecido como gaba) no cérebro. Ele inibe aativação de áreas relacionadas ao medo e à ansiedade.
QUANDO DEVEM SER USADOS: Com outros remédios, são indicados para tratar vários transtornos mentais. Não são recomendados para aplacar tensões do cotidiano.
QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS: Sonolência excessiva e diminuição da coordenação motora. Podem ocorrer dificuldades no processo da aprendizagem e da memorização.
CAUSAM DEPENDÊNCIA? Sim. Algumas pessoas desenvolvem dependência em cinco anos. Outras se viciamem menos de 30 dias. Podem ocorrer crises de abstinência.
COMO EVITAR A DEPENDÊNCIA? Não há dose segura contra o vício. Quanto menor a dose, menor aprobabilidade de o paciente desenvolver."

Fonte: REVISTA ÉPOCA 23/02/2009

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Você tem experiência?

No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: 'Você tem experiência?'
 
A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e com certeza ele será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia e acima de tudo por sua alma.

Redação Vencedora:

Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Ja peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.
Já me cortei fazendo a barba apressado.
Já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que eram as mais difíceis de esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas.
Já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas.
Já escrevi no muro da escola.
Já chorei sentado no chão do banheiro.
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua.
Já gritei de felicidade.
Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre' pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas...

Tantos momentos fotografados pelas lentes da emoção e guardados num baú, chamado coração.
E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: 'Qual sua experiência?' Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência... experiência... Será que ser 'plantador de sorrisos' é uma boa experiência? Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?

Fonte: Publicado no jornal interno do RH - Volkswagen do Brasil - nome do candidato não mencionado

Sou Muito Exigente?

Quando estamos em busca de uma pessoa para nos relacionarmos, é natural que utilizemos determinados critérios de seleção. Ter critérios é algo compreensível e esperado, já que evidentemente ninguém quer estar com “qualquer um(a)”. Há aqueles que selecionam pela aparência física, como, por exemplo, os homens que buscam mulheres loiras ou as mulheres que gostam de homens com cabelos compridos. Há outras pessoas que procuram pretendentes por características que vão além da aparência. Estas geralmente querem se relacionar com quem tem determinada formação, mora em determinado local, tem certas características de personalidade. Há pessoas, no entanto, que transformam seletividade em uma exagerada exigência. (…) Este artigo é, então, uma tentativa de ajudar todas essas pessoas a refletir e a responder a própria pergunta. Antes de qualquer coisa, é importante ressaltar que os tais critérios de seleção devem funcionar apenas como preferências. Posso, por exemplo, preferir homens morenos, mas isso não me faz descartar, imediatamente, qualquer loiro que me apareça na frente. Assim sendo, é fundamental que ninguém fique preso a determinadas características específicas do outro e o dispense caso o pretendente não tenha uma delas. Mas o que faz com que uma pessoa cruze a fronteira da seletividade e se torne tão exigente ao buscar um parceiro? Vejamos algumas possibilidades.
Relacionamentos:
desejo x temor – Há muitas pessoas que, embora desejem verdadeiramente ter um relacionamento, têm medo, por motivos diversos, que isso aconteça. É comum, então, que, para elas, a exigência exagerada funcione como uma espécie de “escudo”. Ora, como ninguém é capaz de se encaixar em critérios tão rígidos, a pessoa continua sozinha, evitando, portanto, que se depare com aquilo que teme. Minha primeira sugestão é que não apenas os próprios critérios, mas principalmente os próprios temores sejam objeto de reflexão. Antes de buscar alguém para se relacionar, é necessário saber se o desejo de ter uma relação é maior que os temores que a simples ideia de se relacionar podem despertar.
Idealização excessiva – Por trás de uma grande exigência, geralmente está uma grande idealização. Uma pessoa que tem parâmetros rigorosos demais na escolha de um parceiro costuma estar em busca de alguém que simplesmente não existe. Essa busca impossível evidentemente gera muitas frustrações. Isso acontece porque, em todo início de relacionamento, há esperanças de o parceiro ser finalmente a pessoa “perfeita” tão procurada. Aos poucos, no entanto, o outro se mostra humano, com falhas, contradições e divergências de opiniões. Quando a idealização é intensa, a decepção acaba sendo enorme. Aos relacionamentos, o dito popular “quanto maior a altura, maior o tombo” se adéqua com perfeição. (…). É importante saber se elas estão de acordo com a realidade, ou seja, se você busca uma pessoa que “existe”, ou se há um excesso de idealização. Caso haja, é preciso rever os próprios conceitos e usar parâmetros possíveis na busca do companheiro.
Relacionamentos não são algo objetivo – Outro fator que leva à exigência exagerada é quando os relacionamentos são tratados como fossem algo puramente objetivo. (…) É fundamental lembrar, contudo, que relações têm muito mais aspectos subjetivos do que objetivos. Por esta razão, não basta que o pretendente cumpra determinados “requisitos” para que a relação dê certo. Mais do que isso, são necessários certos itens subjetivos, como a empatia entre ambos, uma boa conversa, a vontade de falar e estar com o outro, a sensação de que um combina com o outro, entre tantas outras. Se pensarmos bem, quantas vezes nos interessamos por pessoas que pouco têm em comum conosco? Por tudo isso, é importante não se prender tanto a critérios objetivos pré-estabelecidos. É sempre recomendável dar uma chance também àquele que tem características um pouco diferente da que você pensou.
(…) Feitas todas essas reflexões, termino com uma sugestão final, que resume tudo o que vimos aqui: ao buscar alguém para um relacionamento, avalie se você realmente deseja ter uma relação, evite idealizar demais o outro, não trate a busca por um parceiro como uma “seleção de currículos” (…)

Mariana Santiago de Matos

terça-feira, 12 de abril de 2011

Uma outra providência

Não foi o revólver que atirou em Realengo, foi a cabeça do atirador. Para casos de transtorno mental, falta o conhecimento de serviços capazes do auxílio
A MISTURA DE emoções penosas e cobranças e promessas de pretensas medidas preventivas é um hábito brasileiro, ainda que não só nosso. A combinação é péssima, com a pressa ocupando o lugar da calma indispensável para a ponderação dos problemas e das sempre variadas propostas para prevenir repetições do fato perverso.
Ainda nos desdobramentos imediatos da tragédia de Realengo estavam já propostas e promessas de ações entre pessoas emocionadas e representantes governamentais. Polícia na porta das escolas; fortalecimento e sistemas escolares de vigilância contra violência, ampliação prática das restrições à posse de armas são as majoritárias, muitas vezes igualado seu teor simplório ao pedantismo do "especialista" que também as propunha.
Um policial na porta da escola seria, como disse o secretário José Mariano Beltrame, o primeiro a morrer em Realengo. Esse gênero de proteção tem sido inócuo onde quer que ad otado.
Que o digam os bancos, os restaurantes paulistas com vigilante e os shoppings em todas as cidades. Fazer das escolas fortalezas seria absurdo em muitos sentidos, além da evidência de que mesmo quartéis são assaltados, inclusive em seus bancos internos como o da Vila Militar no Rio. E por aí vai.
Os projetos na Câmara e no Senado para ampliação do porte de armas, citados pela aritmética jornalística desde 11 até 300 e tantos na fila, não têm cabimento algum. Muito ao contrário, os portes admitidos por lei devem ser mais reduzidos. O que justifica, entre outros, o porte de arma por bombeiros? Mesmo o porte de armas livre para militares deveria ser objeto de exame (se isso fosse possível no Brasil), com os exemplos do seu mau uso, até a pretexto do trânsito, e a carência de exemplos positivos.
Mas, quanto a episódios de monstruosidade e seus revólveres: se um homicida como o de Realengo, em vez do revólver, matar com faca, alcançará igualmente o seu objetivo.
Não foi o revólver que atirou em Realengo. Não foram os dedos que o acionaram. Foi a cabeça do atirador. Nessas violências, antes de tudo está a cabeça. E por que ela agiu, no caso e nos demais de desatino semelhante? Por desconhecimento e inércia -o que não quer dizer culpa- de segundos e terceiros mais próximos, ou menos distantes, do rapaz arredio.
As poucas e breves narrativas que o retratam, na visão de parentes, expõem com toda a clareza um longo caso de transtorno mental necessitado de tratamento. As narrativas demonstram, na mesma medida, que não faltou a percepção desse estado por quem ouvia ou observava o rapaz: o fascínio pelo ataque às torres em Nova York, o desejo de destruir o Cristo Redentor, a reclusão voluntária, a alteração da própria figura -tudo muito indicativo e bem percebido.
Apesar disso, não houve iniciativa alguma. Apenas estranheza. Não há por que imaginar descaso, muito menos de to dos. A falta, tudo indica, foi de conhecimento do que fazer. De conhecimento da existência de serviços capazes do auxílio, até em um simples posto de saúde apto a dar orientação sobre o serviço a procurar. Sim, tais serviços são pouco numerosos; faltam-lhes mais verbas, mais pessoal, mais instalações. Existem, no entanto. E devem ser procurados para casos como o do rapaz de Realengo. Tão numerosos.
A providência que falta é a informação ao grande público sobre o que está ao seu alcance, quando estranhezas excessivas e injustificáveis impressionem. Não porque a persistência das condutas leve a desfechos horríveis. Mas o sofrimento do próprio transtornado já é bastante para uma iniciativa solidária.
Providência governamental já atrasada é uma campanha insistente de esclarecimento do grande público, sobre o que deve fazer diante de casos como o do rapaz de Realengo antes da explosão de seu distúrbio. Isso, sim, é uma das prevenções necessárias -para pacientes e para a sociedade.
Do contrário, nos casos que vão aos extremos, quando não forem revólveres, serão facas, serão barras de ferro, serão as mãos. E, nos outros casos, será o sofrimento reparável de tanta gente, dos pacientes às famílias e aos próximos.

Fonte:Folha de São Paulo - JANIO DE FREITAS

domingo, 10 de abril de 2011

Decisão do TJ que afasta limitação de dias para internação em clínicas para casos de dependentes químicos

O desembargador Marcelo Buhatem, da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, proibiu a Unimed-Rio de limitar a internação de um dependente químico em apenas 15 dias por ano. Segundo ele, não há prazo para internação para este tipo de doença. A decisão foi proferida na apelação cível proposta pela empresa de saúde contra sentença da 42ª Vara Cível da Capital, que já havia determinado a continuidade do tratamento do paciente.  Representado no processo por sua mãe, o autor está internado em uma clínica psiquiátrica para tratamento da sua dependência química. Devido à complexidade do caso e da maneira compulsiva que ele vinha fazendo uso de maconha e cocaína, colocando em risco sua integridade física e emocional, os médicos disseram que o paciente necessitaria de um prazo maior de internação.

A Unimed alegou, no entanto, que cláusula do contrato firmado entre as partes limita em 15 dias por ano as internações de segurado portador de intoxicação ou abstinência provocada por alcoolismo ou outras formas de dependência química. Após este prazo, o plano custeará apenas 50% do valor da despesa.

Com base em decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o desembargador disse que são abusivas as cláusulas de contrato de plano de saúde limitativas do tempo de internação.

Insere-se, assim, no conceito de desvantagem exagerada a cláusula que limita a 15 dias por ano a internação de segurado portador de quadros de intoxicação ou abstinência provocadas por alcoolismo ou outras formas de dependência química, porque além de se mostrar excessivamente onerosa para o consumidor, restringe direitos e obrigações fundamentais ao contrato de plano de saúde, que tem como fim maior o restabelecimento da saúde do segurado, considerou o desembargador Marcelo Buhatem.

Ele disse também que a Lei 9.656/98 determinou que a cobertura dos planos de saúde deve abranger todas as enfermidades previstas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde. Ainda de acordo com o magistrado, a lei proibiu a limitação de consultas médicas, exames, internações hospitalares, inclusive em leitos de alta tecnologia (CTI ou UTI).

O desembargador considerou ainda que, por se tratar de relação de consumo, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) também incide no caso. Para ele, a cláusula é nula. Nos termos do artigo 51, IV, do CDC são nulas de pleno direito, entre outros, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.


Fonte:www.tjrj.jus.br

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Quem cuida também pode adoecer

A ´Fadiga por Compaixão` é uma síndrome caracterizada por uma fadiga física e emocional vivida pelos ´Profissionais do Cuidado`, tais como médicos, enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, assistentes sociais e outros. Estes, além de terem de lidar com o estresse, com as suas insatisfações, seus sentimentos pessoais frente ao trabalho e os conflitos normais oriundos dele, ainda se veem frequentemente expostos a eventos como o sofrimento físico ou emocional e o trauma daqueles que precisam de seus cuidados, assim como de sua sensibilidade para poderem lidar o mais humanamente possível com eles.

Testemunhar o sofrimento ou a dor de alguém pode ser tão doloroso e angustiante quanto viver o mesmo sofrimento ou a mesma dor em nosso próprio organismo, sobretudo para os mais propensos a se sensibilizar com os sentimentos alheios, e por esse mesmo motivo escolhem a profissão de cuidadores, a fim de servirem melhor a outros seres humanos. Essa empatia, esse envolvimento, essa vontade de servir, assim como a compaixão despertada em sua pessoa pelo outro a quem cuida, contudo, pode gerar a dor de cuidar.

Acrescenta-se também que os profissionais do cuidado (incluem-se aqueles que trabalham em atendimentos emergenciais tais como bombeiros e socorristas) podem sentir-se ainda vivendo a dor de alguns ou de tantos quantos eles cuidam ao mesmo tempo. Sua compaixão, por exposição constante ao trabalho frente a eventos dolorosos ou traumáticos, pode trazer-lhes sintomas psicológicos no próprio corpo, levando-o a uma fadiga, como resíduo de sua compaixão, devido ao constante contato com o estresse provocado por ela. É quando, então, que quem cuida também pode adoecer.

Ter piedade, costuma ser igualmente descrito como sendo sinônimo de compaixão, já que aquele termo traduz-se como o amolecimento do nosso egoísmo, pena dos males alheios, dó e comiseração, embora também signifique amor e respeito às coisas religiosas ou devoção. Todavia, a compaixão frequentemente combina-se a uma ajuda àqueles pelos quais se compadece, em forma de uma ação efetiva.

Segundo alguns autores, a ´Fadiga por Compaixão` seria diferente do ´Esgotamento`, porém poderia provocá-lo. A primeira reflete-se através de sintomas psicossomáticos, ou seja, sintomas emocionais que se expressam no corpo, engendradas a partir das ações e do investimento de energia de vida na vida profissional dos cuidadores. Daí a necessidade de o profissional cuidador poder também, além de cuidar dos outros, cuidar bem do seu próprio corpo físico e de sua mente, evitando os riscos de experimentar esses sintomas ou mesmo de comprometerem sua saúde mental.

O cuidado com a vida espiritual também pode ajudar muito para que possam sentir suas energias reencontrarem equilíbrio, minimizando os efeitos maléficos dos sintomas da Fadiga por Compaixão no corpo, já que essa pode causar depressão, exaustão, declínio nas habilidades de experimentar alegria, assim como de sentir preocupação pelos outros.


Fonte: Jornal Diário de Pernambuco de 01/04/2011

sábado, 2 de abril de 2011

Afogar “mágoas” com bebida leva jovens ao alcoolismo mais depressa

Diego Maldonado, o menino bonito e rico da novela Rebelde, usa a bebida como “válvula de escape” para esquecer a tumultuada relação que tem com o pai, um poderoso empresário que não aceita o lado artístico do filho.
Quem diz isso é o próprio Arthur Aguiar, o intérprete do protagonista, em entrevista exclusiva ao R7.
Diego nasceu em uma poderosa família de políticos e empresários bem-sucedidos. Com uma vida bastante confortável, teria tudo o que quisesse se não fosse desprezado pelo pai – um homem poderoso que não tem tempo para ele, nem para a mulher.
Além da distância física, Diego sente também o desgosto do pai pela sua personalidade. Ele quer que o filho siga seus passos, mas Diego gosta de música, não de negócios. Para tentar atrair o pai, o rapaz passou a exagerar na bebida alcoólica e viver situações perigosas.
- Ele bebe para chamar a atenção do pai. Pode ver, sempre quando ele é desprezado pelo pai, ele bebe.
Arthur, que tem 22 anos, e é bem diferente de seu personagem, diz que nota vários “Diegos” em outros jovens. Para encarar o mauricinho, tem ido aos bares cariocas com os amigos para observar como meninos e meninas se comportam a mesa. Exageros, segundo ele, dão o tom na maioria.
- Os jovens hoje bebem demais por qualquer coisa e acham que só podem se divertir assim. Eu não preciso beber para me divertir, bebo só socialmente e nem em todos os fins de semana, como a maioria faz.
Ex-nadador profissional, o carioca acha o comportamento de Diego preocupante, mas entende que o problema é emocional.
- Talvez se o pai desse atenção para ele, o Diego não precisaria fazer tudo aquilo. Ele já tem feito coisas perigosas, como pegar o carro bêbado e bater.

Arthur não sabe ainda se Diego se tornará um alcoólatra, mas assegura que seu personagem vai aprontar muito mais por aí.
Alcoolismo na juventude
Ser um alcoólatra quando jovem implica em problemas até mais graves do que quando se é adulto. Isso porque o abuso do álcool pode alterar o sistema nervoso que ainda está em formação. O resultado: causa dependência de forma mais rápida e destruidora do que em pessoas maiores de 21 anos, segundo Sérgio Duailib, especialista em dependência química e doutor pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
- Quanto mais precoce se inicia o consumo de álcool, mais cedo a bebida vai atingir o sistema nervoso. Essa estimulação precoce leva à repetição do comportamento de forma bem mais frequente do que em um cérebro de um adulto, que já está totalmente formado e preparado para receber e reagir a esses estímulos.
O resultado das bebedeiras tende a influenciar de forma crítica o aprendizado e a vida social desse jovem.
- A dependência leva à tolerância da bebida e esse jovem vai precisar cada vez mais dela para conseguir o mesmo efeito. Isso vai levar à queda do rendimento escolar e alteração do comportamento.
Qual é o limite?
O limite entre beber muito para se divertir ou para afogar as mágoas é bem tênue se comparado entre pessoas que bebem por vício, como um alcoólatra, explica o psiquiatra Pedro Katz, diretor técnico do SAID (Serviço de Atenção Integral ao Dependente), do Hospital Samaritano em conjunto com a Prefeitura de São Paulo.
Segundo o especialista, beber várias vezes por semana, ou voltar alcoolizado das últimas reuniões com amigos, já podem ser considerados fortes indícios de abuso do álcool.
Entender como isso acontece nem sempre é fácil. São vários os fatores que levam os jovens a beber demais e, por consequência, se tornarem alcoólatras. Um deles, segundo Katz, é achar que o uso esporádico do álcool é normal até dentro de casa. Isto é, assim como Diego, a família pode ter papel importante nesse comportamento.
- É a banalização do consumo que mais preocupa. Um exemplo é a apresentação da bebida pelos próprios pais ou por amigos cujos pais autorizam e incentivam, sem lembrar que o jovem busca sensações de prazer ou vive sob pressão de um grupo.
É comum também, segundo ele, jovens abusarem da bebida para ficar mais desinibidos, preencher vazios existenciais, quadros de ansiedade, e mesmo uma depressão. E quanto maior for a frequência, maior a chance desse jovem se tornar dependente.
Diante desses fatores, Katz orienta aos pais a ficarem atentos ao comportamento dos filhos e saber quem são seus amigos.
Tratamento
O alcoolismo juvenil deve ser tratado. O ideal é procurar um médico psiquiatra, que tem condição de analisar o comportamento e administrar medicação adequada, da mesma forma como são tratados alcoólatras de qualquer idade. O diferencial, nesses casos, no entanto, é saber como lidar com um paciente mais jovem. Por isso, Katz indica aos pais a procura por especialistas em tratamento de adolescentes.
- O adolescente é muito mais impulso do que emoção. Com eles tem que se buscar primeiro uma questão motivacional, trabalhar com reforços positivos, e descobrir se ele sofre de outros quadros como ansiedade, déficit de atenção ou depressão, antes de tratar.

Fonte: Uniad