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Recife, Boa Viagem PE, Brazil
Sou psicóloga,me dedico inteiramente a este meu trabalho. Pós graduanda em Saúde Mental com enfoque em álcool e outras drogas. Abordagem Terapia Cognitiva Comportamental. Atendo em Aldeia,Ilha do Leite, Boa Viagem e Gravatá. (81)9963-3553

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Crack - solução é acolher e reconstruir vidas

Alexandre Padilha e Roberto Tykanori - O Estado de S.Paulo
No início dos anos 1980, quando os primeiros casos de HIV foram registrados no País, a comunidade médica e as estruturas de saúde desconheciam a forma mais eficaz de tratar os pacientes, cujo número crescia em progressão geométrica. O dedo foi posto na ferida. Assim, apesar de todos os avanços ainda necessários, demos passos para começar a enfrentar essa epidemia mundial.
Hoje é mais do que evidente que o abuso e a dependência de drogas no Brasil - em especial do álcool e do crack - se transformaram numa nova chaga social. As vítimas acumulam-se, com graves repercussões na ocupação do espaço urbano, na exclusão econômica e social, na rede de saúde e na vida das famílias. Dados de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo evidenciaram a complexidade que é tratar esses pacientes. Durante 12 anos acompanharam 107 dependentes do crack. Após esse período, 32,8% estavam abstinentes, 20,6% haviam morrido (a maioria, pela violência), 10% encontravam-se presos, 16,8% continuavam usando crack e cerca de 20% estavam desaparecidos, num destino incerto para quem esbarra em algum momento da vida com essa realidade.
A dependência, inclusive do crack, reúne situações sociais muito diversas: desde recursos para suportar a exclusão até estratégias para se sentir incluído. Nas estatísticas estão crianças na rua que se iniciaram nas drogas para suportar a fome e o frio, os trabalhadores rurais que acreditam que a pedra lhes pode fazer suportar toneladas a mais de cana-de-açúcar, profissionais liberais pressionados pelo desempenho no trabalho e jovens que querem alcançar, cada vez mais rapidamente, a inserção na turma. Para todos é crucial construir novos projetos e redescobrir sentido para a vida.
As raízes do problema são externas ao campo da saúde pública, mas sabemos que a rede de ambulatórios, de hospitais e de profissionais pode interferir no curso da dependência. Estamos convencidos de que uma abordagem bem-sucedida está relacionada a uma reestruturação do Sistema Único de Saúde (SUS) que possibilite aos Estados, aos municípios, à sociedade civil atuar em conjunto com o Ministério da Saúde, de forma articulada, no enfrentamento do crack e de outras drogas. O SUS, pela sua capilaridade e pelo seu compromisso com a defesa da vida, deve estar mais presente junto aos indivíduos, grupos e no ambiente social onde se inicia ou se perpetua a dependência de drogas.
Para uma ação eficaz é preciso distinguir o que precisa ser distinto: por um lado, reprimir e criminalizar, de forma vigorosa, o tráfico de drogas e o contrabando; por outro, acolher de forma humanizada e possibilitar o acesso dos usuários às diversas terapias, salvando vidas e evitando mortes precoces. Uma resposta da área de saúde poderá prevenir sofrimento pessoal, conflitos familiares, violência e acidentes urbanos.
Somente com a estruturação de uma rede de serviços que ofereça abordagens diferentes para diferentes indivíduos é que será possível aumentar as chances dos dependentes de reconquistarem sua vida e de a sociedade ganhar de volta seus cidadãos. Para ter sucesso o tratamento deve considerar e se adequar a necessidades distintas. Qualquer proposta que se paute em apenas uma forma de ação ou um tipo de serviço está fadada ao fracasso. Ou seja, não pode ser só ambulatorial, nem somente clínicas de internação ou apenas espaços de internação prolongada.
Por isso o Ministério da Saúde propôs uma parceria à sociedade com Estados e municípios para uma nova rede de serviços. Num mesmo território serão ofertados unidades básicas/Programas de Saúde da Família, consultórios volantes para abordagem e cuidado das pessoas em situação de rua, enfermarias especializadas em pacientes dependentes de álcool e drogas, unidades de acolhimento para pessoas que necessitem de internação prolongada, parcerias com entidades do terceiro setor e com comunidades terapêuticas. Além disso, vai capacitar os serviços de urgência e emergência como portas de entrada possíveis. E também ampliar para 24 horas o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas.
O tema é polêmico, mas não nos devemos paralisar diante de dúvidas. Toda iniciativa que se paute pelo respeito aos direitos individuais e pela proteção à vida deve ser defendida, até mesmo com o recurso à internação involuntária, na forma da lei. Mas nem ela - muito menos o uso da força - pode ser o centro da estruturação dos serviços de saúde e da estratégia de saúde. Nesse sentido, saudamos o recente protocolo organizado pelo Conselho Federal de Medicina, que apresenta uma abordagem contemporânea e equilibrada do tema.
A qualificação profissional e o uso de tratamentos bem estruturados são fundamentais, mas uma abordagem multissetorial será decisiva para o sucesso desta empreitada. Nós, profissionais de saúde, precisamos estar cada vez mais preparados para proporcionar os cuidados necessários, porém sabemos que é imprescindível o envolvimento da sociedade e de outras políticas públicas - como educação, qualificação profissional, moradia, esportes e convívio comunitário - para produzir resultados duradouros.
Essa não é uma tarefa nova. Ao longo dos seus 22 anos, o SUS enfrentou vários desafios que também exigiram abordagem multissetorial. E mostrou-se capaz de enfrentá-los quando uniu a capacidade de quem sofre e agregou quem estava disposto a se mobilizar.
Este é o desafio: criar uma grande frente de saúde pública, comprometida com o tratamento, a recuperação e a reinserção dos milhares de crianças, jovens e adultos machucados pelo crack e outras drogas. Estamos prontos para pôr o dedo nessa ferida e começar a cicatrizá-la. Dessa forma estaremos cumprindo nossa missão.

RESPECTIVAMENTE, MINISTRO DA SAÚDE E COORDENADOR DE SAÚDE MENTAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Fonte: UNIAD

terça-feira, 30 de agosto de 2011

CCJ aprova projeto que multa motorista que leva bebida dentro do carro

Texto aguarda votação no Senado e prevê pena de 7 pontos na CNH e multa de R$ 191 ao infrator
Denise Madueño - estadão.com.br
BRASÍLIA - A Câmara aprovou nesta quinta-feira, 25, projeto que proíbe o motorista transportar bebida alcoólica na cabine de passageiros do carro. A proposta altera o Código de Trânsito Brasileiro definindo a infração como gravíssima a ser punida com multa de R$ 191,54 e sete pontos na carteira. Pela proposta, bebida alcoólica, empacotada ou aberta, só poderá se transportada no porta-malas ou bagageiro. O projeto, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), tem caráter conclusivo, ou seja, não precisa ser votado no plenário da Casa, mas voltará ao Senado porque sofreu modificações na comissão.
O autor do projeto, aprovado em 2002 pelo Senado, Edison Lobão, atual ministro de Minas e Energia, argumentou que o transporte de bebida alcoólica na cabine poderia ser negativo para a segurança no trânsito, na medida em que pode induzir o consumo pelo condutor. Essa mesma medida foi prevista nos debates da proposta que resultou na Lei Seca, mas foi retirada no texto final.
Na votação na CCJ, os deputados retiraram uma das punições previstas no texto: a retenção do veículo. Ficaram mantidas a classificação de infração gravíssima e a multa. "Se a infração constitui-se no tão-só transporte de bebidas alcoólicas na cabina de passageiros, basta tirá-las dali e não restará mais nada de errado com o veículo", argumentou o relator da proposta, deputado Hugo Leal (PSC-RJ).
O deputado explicou que independentemente do teor alcoólico, não será permitido o transporte de bebidas onde houver passageiros, incluindo transporte coletivo. No caso de ônibus, ele explicou, a bebida deve seguir no bagageiro. No entendimento dos parlamentares, a existência de bebida alcoólica disponível na cabine de passageiros predispõe o motorista e os passageiros ao consumo, prejudicando segurança do trânsito.
Além da CCJ, o projeto passou pela Comissão de Transportes da Câmara. "Grande parte dos acidentes de trânsito são causados pela influência de bebida alcoólica. Assim, reduzindo a oportunidade do consumo de álcool por parte dos condutores de veículos automotores, seriam reduzidos também os acidentes dele decorrentes", afirmou o relator na comissão de Transporte, deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE).
"Considerando que o quadro de acidentes de trânsito em nosso País ainda é grave, apesar do maior rigor na punição, do aumento na fiscalização e de outros avanços preconizados pelo novo Código de Trânsito Brasileiro, qualquer medida que venha a contribuir, ainda que de maneira indireta, para a redução das ocorrências será sempre bem-vinda", completou Patriota.

Fonte: Uniad

domingo, 28 de agosto de 2011

Pesquisa aponta aumento no consumo de crack entre idosos

Condições de vida e abandono são alguns dos fatores que levam ao uso de drogas

Uma pesquisa da Faculdade de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto aponta que 80% dos 191 idosos, entre 60 e 80 anos, que procuravam o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) queriam tratamento contra o alcoolismo. No entanto, a surpresa dos pesquisadores foi saber que os outros 20% eram viciados em droga.

A maioria desses idosos, com mais de 60 anos, não conseguia largar o crack. Segundo eles, o vício começou há cinco anos e, no início, o consumo era de três a quatro pedras por dia. “Uma droga foi puxando a outra. Primeiro foi a maconha e depois a cocaína”, declarou um dos dependentes químicos que não quis se identificar.

De acordo com a pesquisadora Sandra Pillon, existem vários motivos que levam os idosos ao uso de drogas. “As condições de vida da pessoa, o contexto onde vive, o abandono, o sofrimento mental, as questões de aposentadoria e o dinheiro são alguns desses fatores”, afirma.

Para o coordenador de saúde mental Alexandre de Souza Cruz, a constatação dessa pesquisa é preocupante. “O que dificulta é parar o próprio paciente, pois normalmente tem problemas físicos, é mais debilitado, tem pressão alta e diabetes, além de outros problemas que com o uso da droga se agravam”.

Um homem de 60 anos, pai de um adolescente, tenta pela sexta vez largar as drogas. Ele se sente arrependido. “O crack roubou de mim tudo o que eu tinha, a começar pela minha dignidade, minha honra destruiu todo meu caráter, me tornou um marginal", lamentou.


Fonte: EPTV

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ciência explica por que álcool faz os outros ficarem mais bonitos

Estudo britânico atribuiu a queda na exigência à diminuição, provocada pelo álcool, da percepção de assimetrias faciais

Aquilo que já foi cantado em mais de uma música e constatado por muitos no dia seguinte agora tem explicação científica. De fato, após entornar alguns copos é comum achar que as pessoas ao redor se tornaram ainda mais bonitas. Pesquisadores da Universidade de Roehampton, em Londres, afirmam que é tudo uma questão de percepção da simetria facial. O consumo de bebida alcoólica diminui a capacidade de detectar possíveis desigualdades entre os dois lados do rosto do pretendente, além de reduzir a preferência das pessoas por rostos mais simétricos. Daí, a momentânea queda no padrão de exigência.
 
O professor Lewis Halsey, que coordenou o estudo, explica que a simetria parece estar muito ligada ao poder de atração, pois, em muitos casos na natureza ela é ligada a eficiência. “Um pássaro com uma asa maior que a outra não vai voar tão eficientemente, assim como um animal com uma mandíbula assimétrica não vai comer tão bem”, disse ao iG. O que importa é que quase todos os organismos multicelulares apresentam algum grau de simetria.
 
Saindo um pouco do reino animal e pesquisando o comportamento humano, a equipe de Halsey contou com a ajuda de 64 voluntários (33 homens e 36 mulheres) na faixa dos 22 anos de idade. Cabia aos voluntários provar que o álcool faz todo mundo parecer mais bonito e para isto, foi preciso montar uma sessão de bebedeira. Eles foram divididos em dois grupos e 28 voluntários foram alcoolizados com cinco pints de cerveja ou cinco taças de vinho duas horas antes dos testes. O restante permaneceu sóbrio.
 
Os integrantes dos dois grupos tiveram de olhar para 20 fotos, cada uma com dois rostos e apontar qual era a pessoa mais atraente da dupla. Depois, mais 20 retratos foram apresentados aos voluntários. Só que desta vez eles avaliaram quanto o rosto de cada foto era simétrico.
 
Inebriante beleza
A comparação do resultado entre o grupo embriagado e o de abstêmios mostrou que o álcool alterou o poder de percepção. “Voluntários sóbrios apresentaram 10% a mais preferência pelos rostos mais simétricos que os embriagados”, disse. Os resultados também mostraram que aqueles que não beberam álcool antes dos testes também foram mais aptos na segunda parte do teste, que exigia determinar se os rostos eram simétricos ou não.
 
A pesquisa da universidade britânica mostrou que a beleza pode até ser inebriante, mas o álcool corrobora para que ela seja potencializada. “Os resultados sugerem que a bebida alcoólica pode ser parte da explicação de por que as pessoas tendem a considerar o alvo de conquista mais atraente quando se está bêbado, mas certamente muitos outros mecanismos estão envolvidos nisso também”, disse.
 
A pesquisa obteve um dado inesperado: tanto no grupo embriagado quanto no dos abstêmios, homens cometeram menos erros que as mulheres na segunda parte do teste quando tiveram de determinar se os rostos em fotos individuais eram assimétricos. No entanto, o teste mostrou que homens e mulheres tiveram preferência por rostos simétricos. “Isto pode ser parcialmente explicado pelo fato de que a aparência física é mais determinante na escolha do parceiro para os homens do que para as mulheres”, disse.
 
A equipe vai continuar o estudo, publicando nos próximos meses um artigo científico sobre testes desta vez feitos em laboratório. Após ir a campo, os pesquisadores avaliaram em laboratório os efeitos do álcool sobre a percepção visual. Como o estudo ainda não foi publicado, Halsey prefere manter o suspense sobre os novos resultados.

Portal: IG


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Amy Winehouse – um destino inelutável?

Texto apresentado na pós ontem, muito bom ajuda na desconstrução que as drogas são o problema e não a consequencia

Meu caro,
Vejo com tristeza estas fotos e lamento que uma artista extraordinária tenha morrido tão jovem. Contudo, não concordo com as manchetes e com a sugestão de mostrá-las a filho e netos como exemplo contra as drogas.
Acho que podem ser mostradas como tema para reflexão sobre a vida e o que os humanos podem fazer de bom e de ruim. Se é verdade que as drogas produzem efeitos danosos, podem também salvar, a exemplo dos antibióticos.
Creio que atribuir a morte de Amy Winehouse às drogas, é como atribuir ao automóvel a responsabilidade pela má condução por motoristas. As drogas (legais e ilegais), como os veículos, são objetos passíveis de bons e maus usos.
Somos nós, humanos que somos – capazes de pensar, tomar decisões, fazer escolhas, ter sucesso ou fracassar -, os responsáveis pelo que nos ocorre. Pouco sei da vida desta artista, além do que nos mostrou (e mostra) uma media que se interessa apenas pelo dano, escândalo e sofrimento.
Não sei – porque ninguém disse – como foi para Amy lidar com o sucesso em dimensão mundial; como foi para ela separar os amigos honestos dos interesseiros; como foi ser cortejada pelo que oferecia e não pelo que gostaria ou precisava receber.
Acho que o sucesso mata com várias armas em tempos distintos. Fico pensando na dimensão da solidão de uma pessoa como Ami; e a solidão também mata humanos. Claro que posso dizer também, seguindo esta mesma sequência: as drogas matam. E matam mesmo. Só não posso é dar à cocaína, ao álcool, à maconha, atributos que não possuem.
As drogas, como qualquer objeto, necessita de um ato humano para lhes dar sentido e valor. São externos aos humanos, enquanto que a alegria, o prazer, o sucesso, a solidão e tantos outros sentimentos nascem nos humanos, são internos, de nossa natureza.
Por último, penso no nome da artista – AMY – que soa ame, do verbo amar em português, e WINEHOUSE, vinho e casa. Será que estes dois significante em inglês foram determinantes em sua vida ? É possível.
Certo é, que uma jovem morreu quando deveria viver mais, muito mais, pela lógica humana que rege o tempo, porque a lógica dos deuses é outra.
Cordialmente,
Antonio Nery Filho

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Síndrome do ninho vazio

Quando os filhos resolvem sair de casa, as mães enfrentam um período de tristeza e vazio que parece não ter fim; saiba como lidar


A paulistana Teresa Machado, 48 anos, passou noites sem dormir quando viu no jornal que o filho havia passado em uma universidade pública, no estado do Paraná. Do dia em que viu o resultado até a data oficial da mudança foram 2 meses. O suficiente para ela ter de procurar ajuda e precisar de alguns remédios. “Eu sabia que era um momento importante para o meu filho, mas a dor foi muito grande. Era como se a minha vida perdesse todo o sentido. Procurei ajuda, porque eu sabia que não podia responsabilizá-lo pela minha felicidade”, desabafa a mãe.
Essa sensação de solidão, vazio e perda é bastante comum em famílias que veem seus filhos fazer as malas e cair no mundo. Mas parece que a forma de encarar esse momento passou por algumas mudanças. “A Síndrome do Ninho Vazio sofreu transformações. Era caracterizada por uma sensação de profunda tristeza dos pais, quando seus filhos já criados ou em fase de formação – faculdades, por exemplo – saíam de suas casas para tomar um rumo próprio e deixavam seus pais em casa, sem saber o que fazer para suprir essa falta”, explica Yechiel Moises Chencinski especialista em pediatria pela Santa Casa de São Paulo e em homeopatia pelo Centro de Estudos, Pesquisa e Aperfeiçoamento em Homeopatia (CEPAH).
De acordo com o especialista, apesar desse momento de saída do lar ainda estar presente na maioria das famílias de hoje, ela sofre a concorrência de duas situações:
- As mulheres assumiram novos papéis mais ativos no mercado de trabalho, chegando à maternidade mais tardiamente (entre 30 e 35 anos, por exemplo). Não são exclusivamente mães e já preenchem suas vidas com outras atividades. Dessa forma, quando os filhos resolvem “bater asas” e sair de seus ninhos, elas já têm um novo comportamento, criado por um novo modelo de família. E aí isso passa a ser apenas um caminho natural para o qual eles foram preparados durante toda a sua vida.
- Começa a surgir, na contramão dessa situação, a “Geração Canguru”, que leva à “Síndrome do Ninho Cheio”: é cada dia mais comum os filhos ficarem em casa por muito mais tempo do que o previsto e observado há algumas décadas, pela comodidade da situação e condição financeira ainda não tão estável que permita altos voos. Afinal, arrumar emprego não está tão mais fácil assim nos dias de hoje.
O que fazer?
Mesmo assim, se não for por uma situação esperada e preparada, o “esvaziamento do ninho” pode causar certo desconforto familiar. O pai e a mãe não podem se esquecer de sempre serem marido e esposa e até, muito antes disso, homem e mulher.
Buscar a individualidade de cada um dentro do núcleo familiar é super importante para que todo mundo tenha uma identidade própria como indivíduo, sem se apoiar e depositar seus desejos em quem convive embaixo do mesmo teto. “Uma vez estabelecidos os papéis, com os vínculos fortalecidos e os espaços respeitados, pais e filhos podem crescer juntos, aprender e curtir com prazer o caminho, fazendo da vida uma estrada que leve a caminhos saudáveis e felizes. Com essa família forte, o ninho não ficará vazio nunca”, explica o especialista.
Sentimento e expressão
A cantora Paula Toller também passou por esse momento de aflição quando o seu filho Gabriel estava com 16 anos e decidiu viajar por um tempo. “Foi como um segundo parto, dar à luz novamente para que ele pudesse seguir seus passos”, conta a cantora em entrevista para a jornalista Melissa Lenz. E para colocar para fora o que ela sentiu, Paula escreveu “Barcelona 16”, canção que está no segundo CD solo, “Sonos”.
A música explicita bem as dores e as alegrias de ver o filho bater asas. “Eu não sabia que existia/ Esse outro parto de partir/E me deixar na beira do cais/ Filho sempre meu não mais”. E no refrão a cantora, apesar de triste, dá toda a força que Gabriel precisa para correr atrás dos sonhos. “Solta da minha mão/ Leva o seu violão/ Dentro do mochilão/ Leva também o meu coração”.
Apesar de parecer que você perdeu a sua cria, saiba que o seu casamento pode ganhar muito com isso. Em entrevista ao “New York Times”, Sara Melissa Gorchoff, especialista em relacionamentos adultos na Universidade da Califórnia, em Berkeley, explica que a satisfação conjugal pode aumentar com a saída dos filhos "Não é como se eles tivessem vidas horríveis. Os pais eram felizes com os filhos. Mas o casamento pode melhorar quando eles saem de casa".
Isso porque não é justo que você viva a sua vida e função dos seus filhos e que o seu casamento só exista na presença deles. Faz mal para você e para quem convive com você. “Vai ser muito decepcionante constatar que vivemos nossa vida ‘para’ os outros e não ‘com’ os outros. Nós não possuímos nossos filhos. Nós não podemos (e não devemos) viver a vida de nossos filhos”, explica o pediatra Checinski.
Na hora H
Caso esse momento de sair do ninho não tenha sido preparado e planejado, você sentirá fortemente a sensação de perda. Nessa hora, vale se analisar e pensar em algumas questões. O médico indica algumas: “O que está faltando para esse casal? O que aconteceu na dinâmica dessa família que centralizou a atenção exclusivamente sobre esse filho? Onde estão os indivíduos nessa casa?”.
Não há uma fórmula matemática para vivenciar essa etapa indispensável de forma prazerosa. Mas, para ajudar, o pediatra separou 5 dicas:
- Mantenha-se íntegra, inteira, buscando sua realização pessoal no trabalho, na sociedade, na vida familiar;
- Crie uma boa estrutura familiar que permita que esse filho vá, mas também permita que ele se sinta acolhido e encontre espaço sempre que quiser ou precisar voltar;
- Busque trabalho, atividades físicas prazerosas, veja amigos (que, possivelmente, na mesma faixa etária, devem estar passando pelas mesmas situações), (re)aqueça a chama do casamento;
- Tenha sempre ética, verdade e respeito nos relacionamentos;
- Não se esqueça do ditado “Carpe diem” - que significa nada mais do que gozar o dia, viver o presente, aproveitar a jornada!

Glycia Emrich